Cada vez mais dispositivos que utilizamos no dia-a-dia estão conectados à internet. Carros, eletrodomésticos, fechaduras e até peças de vestuário já podem trocar dados entre si, criando redes. A interação desses objetos, e mesmo cidades inteiras, por meio da internet é chamada de “internet das coisas”. Nesse contexto, como garantir a segurança dessas redes? Uma pesquisa realizada na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) desenvolveu um método para cuidar da segurança de objetos ligados à internet das coisas utilizando inteligência artificial.
O responsável pela pesquisa é o professor Jean Caminha, do Instituto de Computação (IC), que desenvolveu o método em sua tese de Doutorado. O protocolo de segurança utiliza uma inteligência artificial para analisar o funcionamento de dispositivos interconectados para garantir a segurança das redes de internet das coisas. “O protocolo é um método inteligente de identificar se objetos de internet das coisas são seguros ou não”, afirma.
Segundo o professor, conforme as redes se tornam mais sofisticadas, o mesmo acontece com os ataques a elas. Um exemplo de ataque mais sofisticado é o chamado “ataque on/off”, no qual um dispositivo invasor alterna seu comportamento entre normal e hostil, para confundir o sistema de segurança da rede e, assim, roubar dados. O método desenvolvido pela pesquisa é pensado justamente para conter esse tipo de ataque.
“Utilizamos uma inteligência artificial para observar o comportamento de objetos que entrem nas redes. Esses objetos ficam em uma espécie de quarentena, sendo observados por essa inteligência artificial. Com esse tempo de observação é possível determinar se esse objeto é confiável ou não”, explica o professor.
Com o uso desse protocolo baseado em inteligência artificial, foi possível identificar e bloquear 96% dos dispositivos invasores do tipo on/off, um valor acima da média. Nenhum sistema de segurança de rede é 100% seguro, no entanto, sistemas com margem de identificação de ataques acima de 85% podem ser considerados muito seguros. Os testes do sistema foram realizados a partir de dados públicos disponibilizados por cidades inteligentes (interligadas pela internet das coisas), simulando ataques à estrutura dessas cidades.
“Conforme os ataques se tornam mais sofisticados, nossos sistemas de segurança têm que se tornar mais inteligentes para identificar esses ataques. Também já estamos desenvolvendo outras pesquisas nessa área de segurança. Esse é o papel da ciência: discutir e resolver os problemas da sociedade”, conclui o pesquisador.
Esse sistema de segurança foi desenvolvido em parceria com a Universidade de Campina Grande e apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat)